Apresentado no programa Saia Justa, guia “Como não ser um babaca” orienta homens que cansaram de ser machistas no trabalho e na vida
Todo mundo tem um colega de trabalho, um parente ou vizinho babaca que adora contar piadas machistas e tem atitudes frequentemente misóginas. Já pensou em dar um “toque”, compartilhando com ele reflexões que vão ajudá-lo a repensar suas atitudes? A jornalista e apresentadora do Saia Justa, da GNT, Astrid Fontenelle, apresentou no programa que foi ar nesta quarta-feira (15) o livro “Como não ser um babaca”, um guia prático para conscientizar homens de todas as idades e classes sociais sobre a reprodução de atitudes machistas no ambiente profissional, em casa ou em qualquer outro espaço.
A publicação, com prefácio assinado pela própria apresentadora do GNT, está em sua 2a edição e foi lançada pelo Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União (Sindilegis). “Posso falar o melhor? O livro está disponível gratuitamente na Amazon e você pode enviar para uma pessoa anonimamente”, indicou Astrid. Presenteada com o guia durante o programa, a autora de best-sellers Gabriela Prioli foi assertiva ao comentar a frase “Ela é mais macho que muito homem”, uma das dezenas citadas. “Não quero ser mais macho, quero ser mulher mesmo”, cravou Gabriela.
Agora finalmente as mulheres vítimas do machismo – e todos que se incomodam com esse tipo de comportamento – poderão “dar um toque” naquele babaca indicando a leitura e compartilhando, de forma anônima, o Guia ‘Como não ser um babaca’. A ação, intitulada “Amiga Oculta”, é uma novidade deste ano. Na plataforma www.naosejaumbabaca.com.br qualquer pessoa pode compartilhar o livro por e-mail, sem ser identificado.
“A Amiga Oculta protege a mulher e atinge diretamente os machistas, homens de todas as idades e classes sociais que sequer iniciaram seu processo de desbabaquização, mas acham que o conteúdo deste livro não é novidade para ninguém”, destaca Tiago Vaz, gerente de Comunicação do Sindilegis. “Não estamos aqui simplesmente para julgar os erros das pessoas, mas para alertar sobre a importância de estarmos em constante evolução seja em relacionamentos pessoais ou profissionais”, completa Vaz.
Babacômetro
O machismo estrutural ainda é tão escancarado que a jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle, que assina o prefácio deste Guia, supõe: se houvesse um contador de homens babacas, o babacômetro estaria explodindo. “Em um mundo em que somos bombardeados de tantas informações de qualidade, em um tempo em que nunca se dialogou tanto, é preciso ser muito babaca para seguir sendo um babaca. É sobre aquele homem ocupado demais ou à toa demais, velho demais ou jovem demais, grosso demais ou traumatizado demais, sempre com uma desculpa pronta para encobrir o que – no fundo, no fundo – é só descaso”. Por fim, Astrid conclama: “Haja paciência para seguir explicando, mas estamos aqui, dando mais uma chance para ele escutar, refletir e agir diferente. Há uma luz no fim do túnel. E a luz é este manual”.
Sobre o Guia
Com linguagem irreverente e dicas fáceis de aplicar, a publicação se propõe a cooperar com o processo de sensibilização dos homens por uma masculinidade que renuncia o machismo e estabelece uma prática de equidade e respeito. O conteúdo do Guia foi elaborado a partir de relatos de violências cometidas contra mulheres e da análise de situações violentas do cotidiano, ainda que não sejam socialmente percebidas como tal.
Esta versão traz um novo capítulo que cita, por exemplo, fala recente em reality show com audiência de 150 milhões de brasileiros: “Já, já, vai tomar umas cotoveladas na boca”. Assim como a frase dita em 2014, dentro do Congresso Nacional: “Ela não merece ser estuprada porque ela é muito feia. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque não merece”. Essas e dezenas de outras babaquices, citadas inclusive pelos renomados Millôr Fernandes, Nelson Rodrigues, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e Chico Anysio.