Pois é, dia 15 de julho é uma data especial para os homens aqui no Brasil. Mas pra comemorar o que, os privilégios que os homens têm?
Pelo que sei, essa data comemorativa surgiu de uma brincadeira em um jantar de escritores, mas acabou se tornando algo maior, um dia para conversarmos sobre assuntos normalmente colocados para debaixo do tapete.
Sabemos que, no Brasil e no mundo, o fato de uma pessoa ser reconhecida como homem lhe dá uma série de vantagens, desde ganhar um salário maior até poder andar na rua sem camisa.
Só que, o que muita gente esquece, é que ser homem também carrega uma série de desvantagens, como viver 7 anos a menos que as mulheres, ou ter 4x mais chances de se suicidar do que elas.
Ser homem é, como tudo na vida, uma moeda com dois lados: luz e sombra, bônus e ônus.
E o Dia do Homem não é uma comemoração da masculinidade, e sim uma chance de quebrarmos o famoso “silêncio dos homens”, a caixa secreta em que colocamos tudo aquilo que não queremos que os outros vejam: nossos medos, dúvidas, assim como todo e qualquer problema que pensamos que podemos resolver sozinhos, até porque ainda acreditamos que “temos que dar conta de tudo”.
Sim, ser um provedor faz parte da responsabilidade de muitos homens, mas não podemos parar por aí. Precisamos ir além da responsabilidade e aprendermos também sobre a vulnerabilidade. A capacidade de expressarmos nossos sentimentos. Até porque que homem provedor é esse, que compartilha com a família só seu dinheiro? Que homem responsável é esse, que não tem coragem de fazer um exame de próstata?
Olha, eu sou homem, e sei como é. As pessoas te julgam o tempo todo, esperam coisas de você. As mulheres esperam que você tenha atitude. Seus pais esperam que você seja bem sucedido. Seus amigos esperam que você esteja lá para eles.
Cresci a vida inteira escutando frases como “Você é homem ou não é?”, “Engole esse choro!”, ou “E as namoradinhas?”. É uma pressão constante, diária, para que você performe um estereótipo, para que seja aquele que esperam que você seja.
Só que toda essa expectativa não está criando os homens que queremos. É só olhar para as prisões, lotadas de homens. Para as estatísticas de câncer de próstata, que é a segunda maior causa de morte por câncer em homens, embora seja altamente curável se identificada cedo. E já que te falei da próstata, sabia que todo ano, só no Brasil, cerca de mil homens têm seus pênis amputados, sendo a principal causa a falta de higiene nessa região?
Pois é, tem muito homem que cresce, mas continua se comportando como criança, sem saber cuidar do próprio corpo. Essa é a famosa “síndrome do Peter Pan”. Conheço muitos homens que dependem de uma mulher para se alimentar e para limpar suas casas. Eu mesmo já fui assim. Acreditava que, se eu lavasse uma louça, já estava fazendo muito.
Ao mesmo tempo, por outro lado fomos criados acreditando que pedir ajuda é sinal de fraqueza, vê se pode? Felizmente, hoje milhares de homens, por todo o mundo, estão desconstruindo antigos padrões e aprendendo que saber se vulnerabilizar é um ato de virilidade.
Seja lendo um texto como esse, ou conversando com alguém sobre o assunto, ou usando livros como a Jornada Solar, que está unindo cada vez mais e mais pessoas que acreditam em uma masculinidade saudável.
Achamos que nascemos homens, mas nascemos crianças. Ser homem é uma construção, e precisamos aproveitar toda e qualquer oportunidade para falar sobre como podemos nos tornar homens melhores.
Crescemos, quase sempre sem ter uma referência masculina madura, um pai que nos mostre o caminho. Então, chegou a hora de sermos nós mesmos essa referência. O Dia do Homem vem nos lembrar disso: já está na hora de nos tornarmos os homens que o mundo precisa. Homens fortes e também vulneráveis. Homens que se responsabilizam e que conseguem nomear seus sentimentos. Homens honrados e que sabem pedir ajuda para cuidar da saúde.
Nós somos os homens por quem tanto esperamos.