Espaço de 98m² assinado pela profissional aposta na mistura de elementos naturais, filosofias orientais e na sensorialidade da natureza para convidar ao recolhimento e ao bem-estar
Remansos são porções de água que, no mar ou num rio, penetram em um recorte curvo da natureza e formam pequenas enseadas de calmaria. Espécies de oásis da vida real, baías que se separam do todo e onde predomina a quietude. É a partir dessa ideia que nasce o ambiente assinado pela arquiteta Mariana Mendonça na CASACOR Goiás 2023. Em sua oitava participação na mostra, a profissional apresenta o Remanso, espaço de 98m² que convida a uma experiência de relaxamento, na qual água, pedra, fogo, fibras naturais, barro, cerâmica e outros elementos naturais dialogam, se misturam e se confundem em meio a uma atmosfera na qual impera o bem-estar.
O projeto tem inspiração no estilo slow living, que parte do uso consciente de materiais, sem excessos e com valorização das raízes, do que é natural. “Dentro dessa proposta, investimos na utilização de elementos naturais, tons neutros, paisagismo abundante, artesanato e mobiliário com pegada rústica, para compor uma atmosfera de aconchego, atemporalidade e tranquilidade”, descreve Mariana. Por isso, desde a entrada, o ambiente envolve o visitante com sons da natureza, como o canto dos pássaros e o barulho de água corrente, para acalmar a mente e relaxar. “É um local de recolhimento, um repouso da alma e do coração”, conjectura a arquiteta.
Outra parte fundamental da essência do Remanso é o conceito Wabi-sabi, filosofia japonesa que prega a apreciação do despojamento, introduzida no Japão por Sen no Rikyu, na chamada cerimônia do chá, prática milenar caracterizada por servir e beber um chá verde. Em resumo, diz respeito a viver uma vida comum, com simplicidade, com imperfeições, e está relacionada às doutrinas de desapego do Zen budismo. “É um convite à meditação e ao descanso do olhar e do corpo através da valorização do imperfeito”, diz Mariana.
Assim, a rusticidade não só está presente em todo o espaço, como o abraça e desperta um efeito sensorial de memória afetiva, semelhante ao cheiro de terra molhada e do café fresco no bule ou da brisa do campo. Na paleta de cores, branco, tons neutros e terrosos compõem um visual de leveza e acolhimento, abraçados pelo verde que envolve todo o espaço. No mobiliário, destaque para a poltrona Sanduba, de Mariana Marchesi Senna; a poltrona Lina, do escritório Suíte Arquitetos, em homenagem à grande Lina Bo Bardi; e ainda o sofá Boomerang e as mesas de centro Polimorfa, assinados por Brunno Jahara.
A luz invade o espaço sem cerimônia, trazendo não só clareza, como frescor, com destaque para uma tela tensionada que reproduz a iluminação natural. O artesanato também compõe a alma do ambiente, com diversas peças do artista goiano Marcus Camargo. Destaque para a Coleção Coralinas, em parceria com a Associação Mulheres Coralinas, vencedora do Prêmio Objeto Brasileiro, do Museu A Casa. O paisagismo é frondoso e exuberante, com inúmeras espécies de vegetação nativa, em tamanhos e formas variadas, dispostas pelo chão, em vasos, inseridas na decoração de maneira sutil.
“Através da transformação dos elementos naturais e do contato com a natureza, nossas histórias são tecidas para lembrarmos não só do que já vivemos, mas para nos moldarmos ao que está por vir, de maneira que corpo e morada devem ser a extensão um do outro e precisam estar em sintonia para que o amanhã seja o que realmente queremos e, principalmente, o que precisamos”, arremata a arquiteta. Com tema ‘Corpo & Morada’, a 26ª edição da CASACOR Goiás conta com ambientes assinados por 52 nomes da arquitetura, do design de interiores e do paisagismo. A mostra acontece entre os dias 6 de maio e 2 julho, no Garden do Flamboyant Shopping.
