Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, as sessões do Cineclube Maria Grampinho celebram os quatro anos do Sertão Negro. As estreias e rodas de conversa acontecem nos dias 24 e 26 de abril, em Goiânia
No mês em que o Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes completa quatro anos de atuação em Goiânia, o espaço celebra sua trajetória com uma programação potente e afetiva. Nesse sentido, nos dias 24 e 26 de abril, o Cineclube Maria Grampinho, um dos principais projetos da instituição, promoverá duas sessões especiais com filmes dirigidos por mulheres negras, dentro do projeto Cinemas Negros no Feminino: afeto e pertencimento além das telas. Ademais, a iniciativa, que conta com apoio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, também propõe experiências cinematográficas seguidas de rodas de conversa com as diretoras e convidadas.
Os filmes selecionados marcam a estreia de Suellem Horácio e Daya Gomes na direção audiovisual, reforçando a relevância de novas vozes no cinema brasileiro. Assim como tantas mulheres negras no país, as duas cineastas têm encontrado na linguagem cinematográfica uma ferramenta de expressão, pertencimento e resistência. Mais que exibições, as sessões são convites ao diálogo, à escuta e à construção coletiva de sentidos a partir das telas.
Com curadoria da professora e pesquisadora Ceiça Ferreira, idealizadora do cineclube, e da cineasta Edileuza Penha de Souza, o projeto destaca obras que mobilizam estéticas negras. Além disso, aborda saberes ancestrais e narrativas afetivas.
As sessões fazem parte do projeto “Cinemas Negros no Feminino: afeto e pertencimento além das telas”. Esse projeto visa valorizar o trabalho de realizadoras negras. Além disso, busca estimular reflexões sobre os modos de fazer e de olhar o cinema, a partir de epistemologias negras. Além das exibições, o projeto também prevê a publicação de um livro. Esse livro será composto por entrevistas, artigos e relatos de processos criativos de cineastas negras brasileiras. A publicação está prevista para o segundo semestre de 2025.
“As produções realizadas por mulheres negras têm revelado novas formas de narrar o mundo, por meio de olhares atentos à ancestralidade, ao território, ao cotidiano e à experiência. Este projeto é também uma ação de formação de público e de valorização de um cinema que nos contempla em nossas múltiplas existências”, ressalta Edileuza Penha de Souza.

Na tela: identidade, memória e corpo em movimento
Abrindo a programação, no dia 24 de abril (quinta-feira), às 18h, foi exibido o curta “Manifesto Afro Cultivo”, de Suellem Horácio. A obra investiga os trançados afro como símbolos de identidade e resistência. Além disso, ela também os conecta a cinco símbolos Adinkras, um sistema gráfico oriundo do povo Akan, da África Ocidental. Com isso, com uma proposta estética afrofuturista, o filme entrelaça performance, espiritualidade e arte visual. Após a sessão, Suellem conversa com o público. Ela estará acompanhada da trancista e empreendedora cultural Dan, idealizadora do salão Afro Dan e referência em beleza afro-brasileira.
Em seguida, no dia 26 de abril (sábado), às 17h, será a vez do documentário “Ancestrais do Futuro – Um filme sobre mulheres negras que dançam”, de Daya Gomes. A obra acompanha as trajetórias de três bailarinas negras – Luciana Caetano (GO), Gal Martins (SP) e Talyene Melônio (MA) – mostrando suas trajetórias, subjetividades e experiências. Após a exibição do filme, a diretora compartilha seu processo de criação numa conversa com a professora e artista da dança Renata Kabilaewatala.
Por fim, o projeto tem realização do Sertão Negro e da Sebastiana Mídias e Produções, com patrocínio do Instituto Cultural Vale e apoio do Cineclube Maria Grampinho. Desde então, desde sua criação, o projeto Cinemas Negros no Feminino reafirma o compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira e com a promoção da diversidade no cenário audiovisual nacional.

Cultura, afeto e território
Fundado em 2021 pelo artista visual Dalton Paula e por Ceiça Ferreira, o Sertão Negro se consolidou como referência em arte negra no Centro-Oeste. Localizado no Setor Shangri-la, região norte de Goiânia, o espaço oferece residências artísticas, aulas de capoeira, cerâmica, gravura e as sessões do Cineclube Maria Grampinho. Também desenvolve projetos de gestão socioambiental e eventos que celebram a cultura afro brasileira em suas múltiplas expressões.
“É uma alegria ver o Sertão Negro completar quatro anos reafirmando seu compromisso com o fortalecimento das artes negras em Goiânia. E o projeto ‘Cinemas Negros no Feminino’ é parte fundamental dessa construção. São produções que nos atravessam, nos convocam a sentir e pensar sobre outras possibilidades de existir, de fazer cinema e de ocupar os espaços culturais”, destaca Ceiça Ferreira.

Créditos das Fotos: Divulgação