Bebida faz parte da história e da cultura da cidade
O combustível está para o carro, assim como o café está para muitas pessoas. A analogia não é um exagero: quantas pessoas não conseguem começar o dia sem o café? E “aquele” cafezinho depois do almoço? A tarde pede um café para dar uma revigorada, claro. Não à toa é a segunda bebida mais consumida no Brasil, atrás somente da água, de acordo com o estudo realizado pela plataforma CupomValido.com.br com dados da Organização Internacional do Café (OIC) e Dieese.
O café na xícara já desperta a memória afetiva e aconchego, imagina a experiência de acompanhar todo o processo dele, da plantação àquele cheirinho irresistível. É esta a proposta do turismo do café da Estância Hidromineral de Socorro – cidade turística localizada no Circuito das Águas Paulista e referência em aventura e ecoturismo – para os apaixonados pela bebida. “Cada lugar tem uma história, um ambiente, um café, uma paisagem, um caminho, uma rica experiência, que juntos fazem parte da cultura da cidade. É um passeio incrível”, afirma Eduardo Bovi, presidente da Associação de Turismo da Estância de Socorro (ASTUR).
O café é intrínseco a Socorro. Ele chegou à região de Campinas por volta de 1835. Encontrou excepcionais condições de clima e solo, além de uma condição socioeconômica em transformação, e atingiu as montanhas e vales do Circuito das Águas Paulista. Com o fim da escravidão, o sistema de produção mudou muito e começam a desembarcar nas fazendas da região imigrantes do Norte da Itália, além de espanhóis, árabes e outras nacionalidades que buscavam oportunidades no Brasil e que foram acolhidos nessa região.
Em 1887, o imperador Dom Pedro II fundou o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que, até hoje, dá sustentação técnica à evolução do processo tecnológico do café para todas as regiões produtoras do Brasil. Neste contexto socioeconômico, constituiu-se as bases para que a região do Circuito das Águas Paulista se consolidasse como uma região histórica de produção de cafés especiais. “Socorro nasceu muito em função da cultura cafeeira. Boa parte das fazendas, das propriedades que existiam, tinham o foco no café, naquela época, tanto que o registro mais antigo de café, de 1840 é da região de Socorro“, conta Bovi.
Socorro: de plantações à xícara
Para comemorar 14 de abril, Dia Mundial do Café, vários locais que irão render um rico roteiro do café e uma inesquecível viagem a Socorro. O público em potencial é a população do sudeste do país, região que mais consome café no Brasil, com 45% do consumo nacional, de acordo com dados do IBGE.
A dica é começar a imersão pelas plantações. A Fazenda 7 Senhoras Speciality Coffee, com mais de 100 anos de história, tem o Coffee Tour, em que o visitante conhece todas as etapas do processo de produção de um café especial, da planta até a xícara: plantação, manejo de colheita, pós-colheita, centro de beneficiamento, classificação e torra. No final, o barista extrai o mesmo café em três métodos de preparo e conta a história, curiosidades e como cada método influencia no sabor da bebida. A visitação dura cerca de 1h30 e é necessário agendar com antecedência pelo site.
São 365 hectares, 55 cultivados com mudas de café dos tipos Catuaí vermelho, Catuaí amarelo, Mundo Novo e Bourbon amarelo. Além das quatro linhas de café (grão e moído) e cápsulas compatíveis (e biodegradáveis) com o sistema Nespresso, tem produtos que levam o café 7 Senhoras, mas são feitos em parceria com empresas do Circuito das Águas, como queijo com café, doce de leite com café, cerveja e licor com café e drágeas e bombons ao leite e meio amargo. Os cafés e demais produtos estão à venda na própria fazenda, no site e em vários locais da cidade.
A Pedra Bela Vista, com uma vista incrível da cidade, e o D´Napoli Ristorante são alguns dos lugares onde se pode apreciar o expresso da Fazenda 7 Senhoras. Já o Trilha Café, oferece também capuccinos e frappês.
Outro lugar para vivenciar o café é o passeio guiado “do cafezal ao cafezinho”, dos Hotéis Fazenda Campo dos Sonhos e Parque dos Sonhos. São 40.000 pés de café que podem resultar em 50 toneladas/ ano dos cafés Catuaí Amarelo, Vermelho, Bourbon e Mundo Novo (Brasil). A torra é apenas com o café de qualidade, ou seja, o arábica. O Café do Campo em pó, em grão e em cápsulas (compatíveis com sistema Nespresso) é encontrado nas unidades da Rede dos Sonhos. Mas, enviam pelo correio.
No “café caipira” do Rancho Pompéia – servido na varanda da casa em estilo colonial e que faz lembrar as mesas fartas da casa de vó – entre os 20 itens, além do café, claro, também é servido o bolo e cookies de café. Lá, o café in natura de uma fazenda localizada no bairro Serrote, ganha personalidade com a torra artesanal, processamento e empacotamento. Só trabalham com cafés especiais, 100% arábica, catuaí vermelho, produzido a 1300m de altitude e torrado artesanalmente e fazem a torra média para ressaltar e valorizar a qualidade. Vendido na propriedade rural, o café é moído na hora, mas também é comercializado em grãos e podem ser enviados pelos correios.
De forma artesanal e familiar, no Sabores do Currupira são mais de 48 anos de dedicação, do plantio ao produto final. Realizam a preservação da área de plantação – cerca de 2 hectares -, por meio do projeto agrofloresta, que promove a agricultura e a conservação das matas. Entre outras ações, não usam agrotóxicos. A propriedade rural – com capacidade de produção de 2 toneladas de café seco por ano – manufatura os cafés Mundo Novo e Catuaí amarelo e vermelho, no processo produtivo arábico. São vendidos em pó ou em grãos no sítio e no quiosque próprio que fica no Horto Florestal; em ambos é possível tomar o café coado na frente do cliente. Do café também fazem geleia, um sucesso entre os turistas.
O café arábica do Empório Nono Alpi também é colhido na roça, moído na hora e vendido no local. A ideia é ir com tempo para curtir o aconchego do espaço e ainda poder experimentar o café, com “cheirinho de quero mais”.
Com uma proposta diferenciada, o Café Lobo do Serrote é especial, orgânico e plantado e colhido na Fazenda Barreiro, nas montanhas do Serrote, trecho mais ao sul da Serra da Mantiqueira. Há um constante cuidado em cada etapa do processo com rigoroso controle de qualidade e respeito pelo meio ambiente. Desde o cultivo até o processamento, a seleção de café é produzida com técnicas que preservam o solo e a fauna local. Os produtos estão à venda no Empório do Cristo, pelo e-commerce e em grandes empórios de São Paulo.
Aliás, o Empório do Cristo reúne outras várias delícias com café: pó e cookies do Rancho Pompéia; doce de leite, cerveja, drágeas, bombom e ovo de Páscoa, da Fazenda 7 Senhoras; pó, grãos e geleia, do Sabores do Currupira; licor, da Pioneira, e licor e cachaça, do Empório Mineirinha. Vale aproveitar a visita para apreciar a bela vista do Mirante do Cristo.