Goiás registrou mais de 300 mil casos de doença diarreica aguda no ano passado. Médica infectologista do Einstein Goiânia explica as informações essenciais sobre norovírus um dos causadores da doença
Em 2024, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) registrou 341.401 casos de Doença Diarreica Aguda. E já na primeira semana de 2025, foram contabilizadas 846 notificações. Esse dado reforça a importância de entender as causas, sintomas e formas de prevenção de condições como a gastroenterite, que é uma das principais responsáveis por esses números alarmantes. Em 2024 essa foi a enfermidade mais atendida no Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia.
A gastroenterite é uma inflamação do trato gastrointestinal que pode afetar tanto o estômago quanto os intestinos. Os principais sintomas incluem diarréia, vômitos, dor abdominal e cólicas, febre, náuseas, mal-estar geral e perda de apetite. A duração depende da causa. Se for viral, é de um a três dias. Caso seja bacteriana, de três a sete dias. Nos casos mais graves, pode haver sinais de desidratação, como boca seca, tontura, letargia e redução na frequência urinária. A desidratação requer avaliação médica imediata.
De acordo com a médica infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecções do Hospital Israelita Albert Einstein Goiânia, Priscilla Yoshiko Sawada, as causas mais frequentes em crianças são vírus como rotavírus e norovírus. Já nos adultos, são frequentes bactérias como Salmonella, Escherichia coli e Campylobacter, além do norovírus. “O diagnóstico geralmente é clínico, mas exames de fezes podem ser realizados para identificar o agente causador. Exames de sangue também podem ser solicitados para avaliar possíveis complicações, como desidratação”, comenta a médica.
A gastroenterite pode ser transmitida por contato direto com pessoas infectadas, consumo de alimentos ou água contaminados, toque em superfícies contaminadas, seguido da falta de higienização adequada das mãos. Para prevenir é necessário lavar as mãos frequentemente, armazenar e preparar alimentos corretamente, consumir água potável e vacinar as crianças contra o rotavírus.
O tratamento para gastroenterite viral é baseado em suporte, com foco na hidratação usando soro de reidratação oral. Em casos graves de desidratação, pode ser necessária a internação para reposição intravenosa de líquidos. Antibióticos só são recomendados para gastroenterites bacterianas confirmadas por exames. “Durante o quadro da doença, evite alimentos gordurosos, condimentados, doces, laticínios e bebidas cafeinadas, gaseificadas ou alcoólicas. Mantenha-se hidratado com água, soro oral ou bebidas esportivas”, reforça a infectologista.
Nesta época é também comum o aumento de casos de intoxicação alimentar. E como diferenciar gastroenterite de intoxicação alimentar? Priscila explica que a gastroenterite é uma inflamação do trato digestivo que pode ter causas infecciosas ou não. Já a intoxicação alimentar é provocada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com bactérias, toxinas, vírus, parasitas ou substâncias tóxicas produzidas por esses microrganismos. Ela ocorre, geralmente, devido à ingestão de alimentos mal conservados, mal cozidos ou armazenados de maneira inadequada. Esse é o provável motivo do surto que estamos observando recentemente no litoral paulista.
Caso a pessoa note que não houve melhora no quadro clínico e começar a apresentar sintomas de desidratação grave como boca e língua muito secas, redução na frequência ou ausência de urina por mais de 8 horas, tontura ou sensação de desmaio ao se levantar, diarreia por mais de 3 dias sem melhora, vômitos constantes que impedem a ingestão de líquidos e febre alta (acima de 39°C) que não cede com medicamentos, é necessário procurar atendimento médico de urgência.
A médica reforça que se houver suspeita de que os sintomas começaram após o consumo de alimentos ou água contaminados, é importante buscar avaliação médica, especialmente em surtos de intoxicação alimentar. “Ao notar qualquer um desses sinais de gravidade, procure atendimento médico imediatamente, pois pode ser necessário tratamento hospitalar, incluindo reidratação intravenosa e exames para avaliar a causa da gastroenterite”, finaliza. A atenção deve ser redobrada nos extremos de idade (idosos e menores de 2 anos), gestantes e portadores de comorbidades.
