Em sessão temática no Congresso Nacional, governador de Goiás foi acompanhado por gestores de todas as regiões, que reforçaram preocupação com perda de autonomia dos estados
As ponderações do governador Ronaldo Caiado a respeito do texto da Reforma Tributária foram endossadas por governadores das cinco regiões do País, durante sessão temática de debates sobre a proposta no Senado, nesta terça-feira (29/08). Caiado recebeu apoio de outros gestores estaduais após alertar para a falta de transparência da matéria e perda de autonomia dos estados, além do risco de aumento de impostos e desigualdades regionais.
Após Ronaldo Caiado apontar os riscos à autonomia dos entes federados com a criação do Conselho Federativo, o governador do Amapá, Clécio Luís, ressaltou a contribuição do gestor goiano e reiterou a necessidade de definição clara. “Como vamos estabelecer as competências deste Conselho, governador Caiado?”, questionou. “Temo que, se deixarmos para serem decididas por lei complementar, os estados perderão a autonomia”, concordou. De acordo com o texto atual, o conselho tomará as decisões sobre os recursos arrecadados nos estados.
“Ao colocar para lei complementar essas definições, a gente corre o risco de ter um pacto federativo falido”, observou Raquel Lyra, governadora de Pernambuco. “Pacto federativo quer dizer que, além de transferir responsabilidade, tem que transferir dinheiro. Isso está muito longe de acontecer. Quando falamos na criação do novo conselho, nos assusta. Quem será o juiz de garantias? O Senado ou esse conselhão?”, destacou o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello.
Carga tributária
Caiado alertou ainda que o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), de acordo com a proposta atual, tende a ser um dos maiores do mundo, estimativa que foi reforçada em estudos recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, reiterou a preocupação com aumento da carga tributária. “Muito provavelmente nós vamos encontrar poucas pessoas capazes de traduzir o texto à realidade da tributação. Ninguém apresentou um documento claro e compreensível que possa dizer a expectativa do imposto que será cobrado”, destacou Mendes.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, reforçou a possibilidade de aumento da carga tributária e ampliação das desigualdades regionais. “Nós não queremos mais aumento de carga tributária, nem que o novo sistema seja um instrumento de concentração da riqueza. Precisamos levar em consideração a realidade de cada estado”, afirmou. “Corremos o risco de criar uma reforma das leis complementares, de criar uma reforma que poderá ter o maior IVA do mundo”, completou Felicio Ramuth, vice-governador de São Paulo.
Incentivos fiscais
Outra prerrogativa dos estados defendida por Caiado e que deve ser suprimida, caso o texto atual seja aprovado, é a concessão de incentivos fiscais. Essa é uma estratégia fundamental adotada por gestores estaduais e municipais para atrair empresas e aumentar a competitividade em regiões pouco atrativas. O governador da Bahia Jerônimo Rodrigues reafirmou a defesa dessas medidas. “É fundamental que os compromissos que nós oferecemos aos empresários possam ser garantidos nesse próximo período.”
Foto Junior Guimarães e Roque de Sá/Agência Senado