O que acontece depois de um relacionamento abusivo?

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No livro “A minha vida no seu caos”, de Mariana D’Andretta, uma mulher luta contra o estresse pós-traumático e o medo da denúncia após o fim de uma relação violenta

Quantas mulheres deixam de denunciar um agressor por medo do julgamento social e de perder para o abusador no tribunal? A minha vida no seu caos, de Mariana D’Andretta, é um livro sobre as consequências desse silêncio na vida das vítimas e dos danos de um relacionamento abusivo mesmo após o término.

No enredo, Elena acredita que conseguiu fugir de Matías, o ex-marido, depois de se mudar de bairro e trocar de emprego. Ela nunca falou das experiências perturbantes com as pessoas próximas, mas participa de consultas regulares com uma terapeuta. Apesar das crises de ansiedade e da baixa autoestima, acredita que os maiores problemas ficaram para trás, porque não mantém mais contato com o abusador.

Tudo muda quando ela, uma arquiteta, inicia um novo projeto nos bastidores de um filme sem saber que seu ex-marido, um engenheiro civil, estará trabalhando no mesmo local. Os dois começam a se ver todos os dias, e Matías faz o possível para manipular a protagonista novamente. A mulher acredita ser forte o suficiente para superar a situação, mas passará por grandes períodos de instabilidades.

Questionar-me sobre como Matias reagiria ao me ver com determinada roupa ou maquiagem é algo automático. Ele controlava tudo, do que eu vestia à cor que poderia passar no rosto, sempre alegando que sua preocupação era me proteger.  A aliança que eu ostentava não lhe bastava. (A minha vida no seu caos, pg. 22)

Além de abordar a importância da denúncia, a autora também ressalta a necessidade de uma rede de apoio para enfrentar os traumas. Elena tem medo de contar sobre o que passou para os melhores amigos e para a irmã por achar que eles não entenderão. Entretanto, são essas pessoas que darão força para a protagonista seguir em frente.

A obra é dividida de uma forma que explica o início do relacionamento e a progressão das situações violentas. Os capítulos são intercalados entre o passado, narrado em terceira pessoa, e o presente, contado a partir da visão pessoal de Elena. Para a construção fiel de um relacionamento abusivo e dos aspectos profundos do trauma, a obra contou com a leitura sensível de um psicólogo.

De acordo com Mariana D’Andretta, o livro pretende auxiliar as vítimas a lidarem com o estresse pós-traumático, o medo e a ansiedade. A minha vida no seu caos é destinado, principalmente, às mulheres, para que elas possam identificar os sinais de abuso e tenham coragem de denunciar caso se encontrem em situações semelhantes às da protagonista.

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